COCA-COLA INVESTIGADA
RIO - De uma ação de marketing elogiada
pelos consumidores em homenagem ao Dia Internacional do Orgulho LGBT a
acusações de falta de transparência ao lançar uma versão menor de sua
embalagem. Foi assim que a Coca-Cola viveu movimentos opostos nas últimas 24
horas no campo do marketing, com direito a manifestações de consumidores nas
redes sociais.
Na última quarta-feira, a empresa criou
uma lata especial com a frase “Essa Coca-Cola é Fanta. E daí?”. A versão foi
distribuída aos funcionários na sede da companhia, em Botafogo, na Zona Sul do
Rio. Foi o suficiente para ganhar as redes sociais e ser elogiada pelos
consumidores.
Mas ontem o movimento foi inverso.
Consumidores e comerciantes criticaram o fato de a Coca-Cola vender uma lata de
310ml pelo mesmo preço da opção tradicional, de 350ml. Após reportagem do
jornal “Extra” revelar o caso, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon),
do Ministério da Justiça, abriu investigação preliminar sobre uma possível
maquiagem de preço dos produtos da companhia.
REPERCUSSÃO NAS REDES
Segundo especialistas em publicidade
ouvidos pelo GLOBO, as empresas precisam ter a consciência de que transparência
é fundamental. Para Roberto Kanter, professor de Marketing da Fundação Getulio
Vargas (FGV) e diretor da consultoria Canal Vertical, com o poder de propagação
das redes sociais, não existem mais ações isoladas.
— As empresas precisam ter consciência
de que é preciso transparência. Hoje, há o poder da transmissão. Não existe uma
ação isolada. As marcas têm que tomar muito cuidado. O consumidor não é cego.
Reduzir o tamanho da embalagem sem uma comunicação clara é complicado. E todos
postam nas redes sociais — destacou Kanter.
Ele
lembrou ainda que a repercussão dos consumidores insatisfeitos nas redes
sociais é muito maior do que um comentário positivo:
—
Em geral, a proporção é que a cada dez consumidores que manifestam sua
insatisfação nas redes sociais apenas um mostra sua satisfação.
Outro
publicitário, que preferiu não se identificar, lembra que o consumidor precisa
de todas as informações claras na hora do consumo.
—
Um dia a empresa faz algo bacana; e no outro dia vem a público uma ação
complicada como essa envolvendo suas embalagens. Os consumidores compram
valores e não só produtos — destacou ele.
A NOTA OFICIAL DO FABRICANTE DA COCA-COLA
A
Coca-Cola Andina, fabricante autorizado pela Coca-Cola Brasil no Rio de
Janeiro, divulgou nesta quinta-feira a seguinte resposta ao "Extra":
"A
lata de 350 ml continua como produto regular do nosso portfólio e pode ser
adquirida por qualquer ponto de venda. Reiteramos que, atualmente, 83% dos
restaurantes que compram diretamente conosco recebem a lata de 350 ml. Em
junho, vendemos Coca-Cola em lata a 32 mil estabelecimentos clientes, inclusive
restaurantes. Desse montante 24 mil clientes compraram a lata de 350ml.
A
lata de 310 ml é mais uma opção de embalagem e não está substituindo a de 350
ml.
Cada
embalagem traz claramente a informação da quantidade da bebida que contém,
seguindo o nosso padrão e compromisso de transparência na rotulagem. E, no caso
da 310 ml, o formato mais fino (slim) facilita ainda mais a diferenciação.
A
lata 310 ml foi desenvolvida para atender demanda das pessoas e do mercado por
mais opções de embalagens menores e porções individuais. E vamos seguir com
essa tendência, ampliando as nossas ofertas de produtos e de embalagens para
atender aos diferentes desejos e momentos do consumidor."
Fonte - O GLOBO
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