Sistema de audiências de custódia do TJMA é apresentado aos Tribunais de Justiça do Brasil
O sistema de audiências de custódia implantado no Judiciário do
Maranhão, que garante a oitiva judicial de pessoas presas em flagrante
delito no prazo de 48 horas, foi apresentado aos representantes de
cortes estaduais nesta sexta-feira (19), durante o 103º Encontro do
Colégio de Presidentes de Tribunais de Justiça do Brasil, em Recife
(PE).
A exposição foi feita pelo coordenador da Unidade de Monitoramento e
Fiscalização Carcerária (UMF) do Tribunal de Justiça do Maranhão,
desembargador Froz Sobrinho, e pelo juiz da 2ª Vara de Execuções Penais
de São Luís, Fernando Mendonça.
O desembargador Froz Sobrinho representou a presidente do TJMA,
desembargadora Cleonice Freire, no evento e destacou que a iniciativa do
Tribunal de Justiça do Maranhão vai ao encontro da política de
valorização das alternativas penais na abordagem dos conflitos na
sociedade.
“A audiência de custódia é mais um instrumento para auxiliar as
autoridades judiciárias e de segurança pública na qualificação do
ingresso do preso no sistema penitenciário e na garantia da efetividade
da Justiça Criminal”, destacou o desembargador.
Em sua explanação, o juiz Fernando Mendonça falou sobre a estrutura
criada pelo Judiciário para a realização das audiências de custódia, com
o objetivo de efetivar o controle judicial da legalidade da prisão e
verificar eventuais abusos físicos e psicológicos contra o preso.
“As audiências de custódia representam uma verdadeira revolução na
Justiça Criminal do Brasil, tendo em vista que o crivo a ser feito pelos
juízes sobre a legalidade ou não da prisão, e eventuais abusos de
autoridade, torna a atividade dos órgãos de segurança pública muito mais
qualificada, fazendo com que a seleção de quem deva ser preso ou solto,
por lei, seja mais criteriosa”, explicou o juiz.
CUSTÓDIA- As audiências de apresentação vêm sendo realizadas na Justiça
de primeiro grau do Maranhão desde 17 de outubro de 2014, pelos juízes
da Central de Inquéritos, em duas salas do Fórum da capital. Por meio
desse procedimento legal, pessoas presas em flagrante são levadas pelos
delegados de polícia à presença do juiz no prazo máximo de 48horas.
Antes, a decisão do juiz era fundamentada apenas com base no processo.
Durante as audiências, o juiz ouve o preso, avalia as circunstâncias do
flagrante, a conduta e situação criminal do autuado e decide, conforme o
caso, pelo relaxamento da prisão, pela concessão da liberdade
provisória - com ou sem medida cautelar - ou, ainda, pela conversão da
prisão provisória em prisão preventiva. A participação efetiva do
promotor de Justiça e do advogado ou defensor público na audiência é
obrigatória.
Dentre outros benefícios demonstrados, a aplicação dessa sistemática
permite ao Judiciário aproximar no tempo os fatos e circunstâncias do
crime; focalizar a conduta social e a vida pregressa do acusado e
qualificar a prisão dos autuados. Promove, ainda, a celeridade
processual e a redução dos custos carcerários e processuais. Para o
preso, a audiência de custódia contribui para reduzir a reincidência em
novos crimes e proporciona a aproximação e cooperação das suas famílias
no monitoramento das medidas alternativas ao encarceramento.
ESTATÍSTICAS- Segundo informações da 2ª Vara de Execuções Penais, no
período de outubro do ano passado a fevereiro deste ano, 425 audiências
de custódia foram realizadas no Maranhão, resultando em 257 liberações
(60,4%) e 168 prisões (39,6%).
Os dados levantados pela UMF junto aos órgãos da segurança pública
demonstram que o sistema prisional do Maranhão reúne atualmente 10.199
presos, dos quais 4.873 são provisórios e se encontram detidos nos
estabelecimentos penais da capital e interior, e nas delegacias.
Os presos autuados em flagrante são encaminhados à Central de
Inquéritos pelas delegacias de toda a região metropolitana de São Luís,
que inclui os termos judiciários da capital, São José de Ribamar, Paço
do Lumiar e Raposa.
CNJ - A prática das audiências de custódia, “como instrumento de
efetiva tutela dos direitos fundamentais do cidadão”, foi recomendada na
plenária do colégio de presidentes de tribunais e recebeu o apoio do
Conselho Nacional de Justiça, que está implementando esse projeto em
outros estados.
Na segunda-feira (22), às 11h30, o presidente do Conselho Nacional de
Justiça, ministro Ricardo Lewandowski, assina um Termo de Compromisso
com o Tribunal de Justiça, Corregedoria Geral da Justiça, e outros
parceiros institucionais, com o objetivo de incrementar a adoção do
Projeto Audiência de Custódia no Judiciário maranhense.
A parceria com o CNJ viabilizará a implementação de medidas
administrativas com vistas à adequação da execução penal e do sistema
carcerário aos padrões estabelecidos pela Constituição Federal, Lei de
Execução Penal e acordos internacionais de direitos humanos.
Helena Barbosa
Assessora de Comunicação da Presidência
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